Como complemento a meu comentário anterior, fiz uma coletânea de hip hop baseada em minha (ainda modesta) coleção. Baixem!
http://www.4shared.com/folder/dq5DFKjg/Hip_Hop.html
E vale ainda a dica desse site obrigatório pros fãs do movimento. Se pintar a dúvida quem sampleou quem, este link responde:
http://www.whosampled.com/
domingo, 20 de novembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
Sobre o uso do sample na composição de hip hop
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Qualquer ato musical, ou mais amplamente, artístico, se realiza sobre um fundo cultural e histórico. Tal fundo opera fornecendo uma coordenada, ou seja, meios para aliar a nova composição ao estilo proposto. Por exemplo, uma criação atual de samba, mesmo sem referência explícita às obras do passado, contém em si toda a história do samba, desde "pelo telefone", primeira composição no gênero, até seus desdobramentos e variações de estilo. É inescapável, assim, a relação da obra criada com o passado, apesar deste se manter como presença virtual, não explicitada.
Há, na cultura do sample, um interessante ponto de distinção sobre este recurso. O hip hop é um dos primeiros estilos musicais a possuir uma estrutura inseparável dos samples. É tão intenso o uso do sampleamento que não apenas uma, como diversas composições integram uma nova obra.
Uma composição feita por sampleamentos não menciona simplesmente outras obras, mas integra em si parte da história a que pertence. Isto é, o passado não se mantém neste estilo como elemento implícito - uma porção dele representa o próprio material que, transmutado, dá corpo a algo novo. No hip hop, esta propriedade se reveste ainda de outro interesse: a história da música negra se mescla a diferentes momentos de sua cultura.
Uma composição feita por sampleamentos não menciona simplesmente outras obras, mas integra em si parte da história a que pertence. Isto é, o passado não se mantém neste estilo como elemento implícito - uma porção dele representa o próprio material que, transmutado, dá corpo a algo novo. No hip hop, esta propriedade se reveste ainda de outro interesse: a história da música negra se mescla a diferentes momentos de sua cultura.
Uma música como “Jesus Walks” é riquíssima nesse sentido. Seu início, num blues com linguagem spiritual, evoca a existência dos negros americanos ainda no tempo da escravidão. Esta composição inicial, no entanto, não fará parte do resto da música, mas outras serão evocadas. A principal delas, ininterrupta nos 4 minutos seguintes, é também outro marco na música e cultura negras: o coro gospel. A foto a seguir mostra outras composições, cujos elementos compõem “Jesus Walks”.
Desta maneira, blues, gospel, jazz, funk e outra música do mesmo estilo de West formam coro, se desfiguram e se unem para formar uma composição. Obra esta nova, mas magicamente composta de seu próprio passado.
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