quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A primeira grande queda

I thought you'd always be mine...

 Dificilmente alguém que retorne nos anos encontrará hoje algo da vida adulta projetada na infância. Nossos primeiros anos não se ocuparam apenas em viver as fases típicas de cada idade, mas também em organizar mentalmente a vida futura. Espera-se com ansiedade a profissão escolhida que, aliada a um casamento duradouro, trará a cada um a felicidade constante.
  Entre a prosperidade aguardada e o que nos tornamos, houveram certamente aprendizagens a nos mostrar como a vida idealizada se choca, e muitas vezes não cabe na realidade - exatamente como naqueles deveres de redação da escola, perfeitas em nossas cabeças, até a escrita da primeira frase.
  Gosto de pensar em Baby como uma música sobre a primeira grande queda, a entrada na vida adulta, ou o contato inicial com um mundo que escapará sempre às nossas mãos.

A estrofe inicial mostra o ideal de infância ainda vivo.

"You know you love me, I know you care
Just shout whenever, and I'll be there
You want my love, you want my heart
and we will never ever ever be apart"


  A primeira namorada, aquela com quem ele passará a vida, aparece envolvida pela confiança da durabilidade da união, algo frustrado por um"We're just friends". Não deixa de ser comovente como a linguagem de reação ainda é infantil, despreparada para a situação:


I'm in pieces, baby fix me, 
And just shake me till you wake me from this bad dream

É um abismo que se abre (I'm going down, down, down): o mundo não cabe em projetos, muito menos em intenções de corrigir possíveis falhas. O namorado julgava possuir completo controle para contornar qualquer impasse. E no entanto, não há nada o que se possa fazer, nada além de um profundo "no"...